2009/02/15

Niilismo

Texto derivado de pesquisa feita após curso com o filósofo Luiz Felipe Pondé

Estamos em crise.
Há uma falta de liquidez na economia mundial.
Há uma ausência de confiança entre as instituições financeiras.
Há um recolhimento do capital investido.

Estamos em crise.
Há uma falta de fluidez da fé.
Há uma carência de credibilidade entre as pessoas.
Há um recolhimento do investimento afetivo.

O ser humano é um animal continuamente em crise, caminha a beira do abismo.
Há uma crise moral, utópica e de crenças.
Há um pavor da maturidade, um encolhimento na crença que se é capaz de se habitar em sua própria crença.
Há o crescimento da depressão em relação ao alto nível de exigência. (A depressão é o sintoma do desespero que chega à superfície. Para Freud, o melancólico é aquele que sabe a verdade sobre si mesmo.)

Estamos vivendo na chamada pós-modernidade onde Bauman a define como “A nossa sociedade (…) como prefiro denominá-la - pós-moderna é marcada pelo descrédito, escárnio ou justa desistência de muitas ambições (…) características da era moderna”.
O que fazer quando não há mais crenças universais que dêem sentido ao mundo? Nem família, religião ou qualquer projeto global que guie a humanidade? O estilo de vida moderno surge da fragmentação e efemeridade que caracterizam a vida nas grandes cidades: o que hoje se acredita, amanhã já não tem mais validade.
Não reinventamos uma nova moral, uma nova ética, uma nova ciência, uma nova economia.
Anunciando que Deus estava morto, Nietzsche salientava que não havia mais fundamento para as coisas, nenhuma base sobre a qual colocar nossas crenças. Portanto, seres humanos têm tanto a oportunidade como a responsabilidade de criar seu próprio mundo.
Essa é a sociedade líquida, uma sociedade que produz muitas formas e deformações, é a experiência da desordem nova, do desordenamento sistemático. Grandes áreas de ambivalência geram insegurança. Isso se aplica ao “amor líquido”, um conceito de amor que é comparado à bolsa de valores, quando há uma situação em que se investe muito agudamente em uma pessoa, perde-se a oportunidade de investir em muitas outras que estão no “mercado”. Na Cultura do Narcisismo, de C. Lasch, o autor aborda a pobreza subjetiva nas relações humanas atuais. O indivíduo está sempre a esperar que o outro invista nele e não adquire nada, pois o outro espera o mesmo investimento dele.

Há de se criar um novo homem - o Ubermensch - ... um alem homem... que supere o atual – o último homem.
“Referindo-se ao Sol, astro rei e estrela sem a qual a existência de vida na Terra seria impossível, Zaratustra diz que até para este Sol existe uma necessidade de doação. A vida do Sol seria enfadonha se não existissem aqueles a quem iluminar. A luz e o calor do Sol são emanações supérfluas deste astro, entretanto, para nós, delas dependentes, são uma benção. Necessidade de doar: é isto que Zaratustra sente e, por isto, precisa retornar aos homens.”
Enfrentemos a crise econômica e social e nos reconstruamos:
Gandhi com grande sabedoria, certa vez falou-nos: “O que pensais, passais a ser”. O que pensamos afeta as nossas emoções, contribui para a construção do nosso amanhã. Aquele que acorda derrotado, sem dúvidas dormirá derrotado. Quem prefere viver nas masmorras das angústias materiais, somente atingirão dois pontos na vida que se segue: A “morte” solitária, ou o suicídio covarde. No entanto, aqueles que se levantam pela manhã, mesmo sem ter um horizonte, e buscam a Luz no lugar das trevas, são fortes candidatos ao pódio. Porém, resta-nos lembrar, que existem aqueles que nasceram para o palco, e outros, apenas para platéia. Preferindo assim viver como expectadores, deixando a vida passar, aguardando o melhor momento para novamente esgaravatar em busca das migalhas deixadas pelo caminho, por aqueles que venceram seus próprios medos, e seguiram.

Foto; MIGRANT MOTHER - Dorothea Lange Foto: DESAMOR - EM

Um comentário:

Impressões disse...
Este comentário foi removido pelo autor.