2009/06/23

Amor perfeito - texto Martha Medeiros

Você gostaria de ter um amor que fosse estável, divertido e fácil. O objeto desse amor nem precisaria ser muito bonito, nem rico. Uma pessoa bacana, que te adorasse e fosse parceira, já estaria mais do que bom. Você quer um amor assim.
É pedir muito? Ora, você está sendo até modesto.
O problema é que todos imaginam um amor a seu modo, um amor cheio de pré-requisitos.
Ao analisar o currículo do candidato, alguns itens de fábrica não podem faltar.
O seu amor tem que gostar um pouco de cinema, nem que seja pra assistir em casa, no DVD. E seria bom que gostasse dos seus amigos. E precisa ter um emprego seguro. Bom humor, sim, bom humor não pode faltar.
Não é querer demais, é?
Ninguém está pedindo um piloto de Fórmula 1 ou uma capa da “Playboy”. Basta um amor desses fabricados em série, não pode ser tão impossível.

Aí a vida bate à sua porta e entrega um amor que não tem nada a ver com o que você queria.
Será que se enganou de endereço?
Não. Está tudo certinho, confira o protocolo.
Esse é o amor que lhe cabe. É seu. Se não gostar, pode colocar no lixo, pode passar adiante, faça o que quiser. A entrega está feita, assine aqui, adeus.
E agora você está aí, com esse amor que não estava nos planos. Um amor que não é a sua cara, que não lembra em nada o amor solicitado.
E, por isso mesmo, um amor que deixa você em pânico e êxtase. Tudo diferente do que você um dia supôs, um amor que te perturba e te exige, que não aceita as regras que você estipulou.
Um amor que a cada manhã faz você pensar que de hoje não passa, mas a noite chega e esse amor perdura, um amor movido por discussões que você não esperava enfrentar e por beijos para os quais não imaginava ter tanto fôlego.
Um amor errado como aqueles que dizem que devemos aproveitar enquanto não encontramos o certo, e o certo era aquele outro que você havia encomendado, mas a vida, que é péssima em atender pedidos, lhe trouxe esse conforme-se, saboreie esse presente, esse suspense, esse nonsense, esse amor que você desconfia quem nem lhe pertence.
Aquele amor em formato de coração, amor com licor, amor de caixinha, não apareceu.
Olhe pra você vivendo esse amor a granel, esse amor escarcéu, não era bem isso que você desejava, mas é o amor que lhe foi destinado, o amor que começou por telefone, o amor que começou pela internet, que esbarrou no elevador, o amor que era pra não vingar e virou compromisso.
Olha você tendo que explicar o que não se explica, você nunca havia se dado conta de que amor não se pede, não se especifica, não se experimenta em loja – ah, este me serviu direitinho!
Aquele amor discretinho por você tão sonhado vai parar na porta de alguém para o qual um amor discretinho costuma ser desprezado. Repare em como a vida é astuciosa.
Assim são as entregas de amor, todas como se viessem num caminhão da sorte, uma promoção de domingo, um prêmio buzinando lá fora, mesmo você nunca tendo apostado.
Aquele amor que você encomendou não veio, parabéns!
Aproveite o que lhe foi entregue por sorteio.









2009/06/21

“ O mundo precisa de menos gente. O que fazer com tanta gente que precisa deste mundo?”

Junho 1999, população mundial atinge a marca de 6 bilhões de habitantes .
Sábado, 25 de
Fevereiro de 2006, as 21:16 hs (horário de Brasília),
a população da Terra atinge a marca de
6.500.000.000 de pessoas.
Estimativa: Quinta, 18 de Outubro de 2012 as 18:16 hs a população da Terra será de 7 bilhões de habitantes.
Os recursos alimentícios que podem ser obtidos no planeta, os mais otimistas acreditam serem capazes de prover sustento somente para uns 4 bilhões de habitantes.
Que triste fim espera os atuais 2,5 bilhões de seres excedentes?


Pelo mundo afora:
- Pessoas que nascem por segundo: 4,4
- Pessoas que nascem a cada minuto: 261
- População no ano 1000: 310 milhões
- População no ano 1900: 1.6 bilhões
- População no ano 2050: 9.0 bilhões
- Número de pessoas que nasceram até hoje: 106 bilhões
* Conforme estimado em 2002

A virada do primeiro milênio (1000 d.C.) foi cunhada como “Tempos do medo”.
Cinco medos em particular: o medo da pobreza, o medo do outro, o medo de epidemias, o medo da violência e o medo do Além.

O medo é um velho inquilino do coração humano.

2009 d.C. e vemos ainda acomodado em nosso interior esse inquilino.
Medo ao ver que, como seqüela da desaceleração econômica mundial, a estimativa é de 100 milhões de pessoas a mais na situação de pobreza este ano.
Medo ainda do outro.“O inferno é o outro” pronunciou Sartre.
Medo das epidemias globalizadas.
Medo da violência, agora urbana.
Medo do não haver Além, pois se antes o medo era pelo que nos esperava pós vida.. hoje o medo vem do fato da não existência da fé.

A mim falta fé num Deus; acreditar que existe algum Ser superior que possa intervir.
Em mim há a idéia de que dependemos de nós, e só de nós, para haver alguma mudança.

É imperativo haver fé no ser humano.
Daqui a mil anos vamos ter os mesmos problemas – parece ser inerente à nossa existência .
Daqui a mil anos vamos conviver com esses problemas, mas há de ser de uma forma mais humana.

Copérnico nos mostrou que não somos o centro do universo, somos parte não vital, somos dispensáveis. Precisamos do planeta e não o contrário.
“ O mundo precisa de menos gente. O que fazer com tanta gente que precisa deste mundo?” - Walcyr Carrasco

Porem há de sermos o “Sal da Terra”.
Que se extinga o desamor.... que não se fira mais o semelhante.

Vamos enxergar o que somos hoje para sermos melhores no futuro:
Em 1974, durante a Conferência Mundial sobre Alimentação, as Nações Unidas estabeleceram que “todo homem, mulher, criança, tem o direito inalienável de ser livre da fome e da desnutrição...”
- Há 800 milhões de pessoas desnutridas no mundo.
- 11 mil crianças morrem de fome a cada dia.
- Um terço das crianças dos países em desenvolvimento apresentam atraso no crescimento físico e intelectual.
- 1,3 bilhão de pessoas no mundo não dispõe de água potável.
- 40% das mulheres dos países em desenvolvimento são anêmicas e encontram-se abaixo do peso.
- Uma pessoa a cada sete padece fome no mundo.

************************************************************
"A esperança é um sonho que caminha" - Aristóteles

Beto Guedes/Lou Borges

2009/06/11

UMA VIDA QUE VALE A PENA SER VIVIDA

O que é uma vida bem sucedida??
Disponibilizo pensamentos chamados contemporâneos, mas que tem muito da sua base na Grécia antiga, onde propõe como resposta a simples, mas ardua, busca de uma verdade própria e com esse insumo a auto construção.
"Pense sa vie et vivre sa pensée", escreveu Sponville.
Abaixo idéias de alguns livros e cursos.

A existência nada mais que é que o resultado da interação do corpo com o mundo – o encontro entre você e a vida.
É o se deparar com o mundo.
Não cabe inventar a boa existência, mas sim identifica-la.

O gabarito da vida não está na concepção das idéias, mas sim de quem a vive.
Só quem a vive pode gabaritá-la, só pode ser valorada se ela é vivida, seu valor depende dela mesmo.

A vida é seqüência, cacos, pontes entre as ações.
O valor está no instante imediato.
A vida que vale a pena ser vivida não está fora dela, está contida nela mesma, só tem sentido se for vivida, deixando de se deter.
É preciso que a vida valha.
A vida é..... simplesmente é.
Sejam lá quais foram os encontros com o mundo, o valor da vida não está determinado.
É a existência que tende ao infinito. (É o casamento entre a eternidade e o devir.)
O Eu não permanece.
O Eu é um fluxo.
A vida é um deixar de ser.
Corpos em transformação - daqui a pouco eu sou outro.
O que sobra é o Eu no mundo.

“Tudo está em mudança e nada permanece parado”
- Platão
“Não se pode penetrar duas vezes no mesmo rio”
- Heráclito

A arte (existência) é uma centelha que se perpetua, mas não se repete.
A arte permite ao agente toda a sua potência. Quando há a audácia.
O real nos agride quando vamos contra o telos, contra nossa natureza, quando não realizamos manifestações próprias.
Quando deixamos que nos dêem respostas, quando deixamos sociabilizarem nossas células, que haja o processo civilizatório, que haja adequação da nossa potência ao mundo.
A civilização nos dociliza.
O curso do mundo nos escapa.

Nada pior que o fracasso, a não ser o êxito quando ele não nos satisfaz.

Temos a vida por objeto, a vontade por método e a felicidade por fim (telos). Antecipamos os confrontos para tentar construir um encontro positivo.
O encontro nosso com o mundo depende da nossa disposição, quando nossas capacidades se direcionam para o instante vivido.
É trabalhar com variáveis não controláveis.

A morte rompe a jornada do herói. Ela é comum a todos.
A vida não, ela é individual – particular, é o Eu em relação ao mundo.
O mundo é um para cada um, o momento é agora.

"A vida é o que acontece enquanto estamos fazendo outros planos".

Pense a vida e viva o pensamento.