


"Brasileiros e brasileiras”: “botando de lado os entretantos e partindo pros finalmentes”.
Maquiavel ditou os preceitos fundamentais para a conquista do poder e, sobretudo, a sua manutenção. Ensinou ele: "todo príncipe (ou seja: todo político) deve saber comportar-se como homem e como animal (...) é necessário ter-se por professor um ser meio homem e meio animal (...); um príncipe (o político) deve saber usar dessas duas naturezas, nenhuma das quais subsiste sem a outra. É preciso ser um pouco leão e um pouco raposa. Quem mais sabe imitar a raposa, mais proveito tira. "Mas é preciso saber mascarar bem esta índole astuciosa, e ser grande dissimulador".
Dias Gomes em sua peça teatral “Odorico, o bem-amado, e os mistérios do amor e da morte.” (1962), de forma ficcional, dá forma e entrona esse político
O Eleitor, com seu direito sagrado de voto, traz esse personagem para a realidade ao eleger como protagonista da sua historia uma figura retrograda como o senador Sarney e assim validar e perpetuar um estado.
A peça de Dias Gomes é, para mim, digna de ser classificada como “documento histórico do comportamento político brasileiro” e ponho essa obra, em minha estante, ao lado de obras de Darcy Ribeiro, Euclides da Cunha e João Guimarães Rosa para ler e entender o Brasil.
Notaram, outro dia, o fato de que os artigos do nobre senador Sarney, em sua coluna semanal na Folha , altamente republicanos - em que os ladrões são sempre os outros – terem sempre ao lado da coluna uma enxurrada de denúncias, acusações, e censuras contra as falcatruas e trambicagens a ele atribuídas.
Mas, cego à realidade e ofuscado pelo Sarney liberal, universalista, internacionalista, escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, ao príncipe não interessa o que o povo pensa.
Acredito que neste caso (neste caso) a culpa não é da falta de moral e sim apenas um caso de embate entre o intelectual e o político.
Ao homem intelectual cabe teorizar um mundo ideal e ao homem político cabe manter o seu mundo real.
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