2009/07/25

Nosso amor não é líquido, meu amigo.

“Nosso amor não é líquido, meu amigo.
Compreendemos Bauman e seu desconforto com a transitoriedade dos sentimentos e relações.
Pessoas são descartáveis porque já foram seduzidas e o desafio já se findou. O desejo morreu e com ele a conquista não é mais instigante.
A fidelidade se nutre de outro alimento, o do cuidado, da permanência, da reinvenção.
Amigos ou amantes têm de reinventar os sentimentos para que não se percam nas esquinas da mesmice.” Gabriel Chalita

Este texto me foi enviado e mostra a reação de um pensador como o Chalita à obra “Amor liquido” de Bauman.

Ao decidir retomar o assunto veio-me em mente fazê-lo principalmente na forma de resposta à pessoas que, na época do meu texto, debateram e se mostraram incomodadas com as idéias do Bauman.

Pois bem, resumamos Bauman e vamos ao ponto central:
“Estamos na era do homo consumens.
O que caracteriza o consumismo não é acumular bens (quem o faz deve também estar preparado para suportar malas pesadas e casas atulhadas), mas usá-los e descartá-los em seguida a fim de abrir espaço para outros bens e usos.”

Olhe ao seu redor e discorde.... quantos estão dispostos a cuidar, a se importar e reinventar o outro e se reinventar em uma relação?
Quantos casais, amigos, parentes e sócios estão desistindo sem nem tentar?

Bauman expõe a sociedade moderna, não promove defesa à ela.

Espinosa escreveu que cada indivíduo tem algo de constante – sua essência – e algo de mutável – suas partes – que tendem a se transformar através do tempo, pelo contato com o meio ao seu redor. Essa essência, que se esforça para se manter, a partir da qual o indivíduo pode existir (no espaço-tempo), Espinosa chama de Conatus. Além desse esforço de autopreservação, o Conatus é também um esforço de auto-realização e auto-afirmação (potência de agir)... O livre-arbítrio seria, então, idéia ilusória, já que estaríamos sempre nos comportando baseados na nossa necessidade intrínseca (essência). A liberdade, para o autor, é a de escolher algo seguindo nosso conatus

A escolha é nossa, cabe a cada um (casais, amigos, parentes, sócios) escolher o que lhe é sacro e ter a coragem de sustentar essa decisão e “reinventar os sentimentos para que não se percam nas esquinas da mesmice.” (vide: “De que amanhã se trata?)
http://edsonmoreira6.blogspot.com/2008/11/de-que-amanh-se-trata-victor-hugo.html

PS: Apenas tento pensar o mundo amparado em pensadores.

“Não há nada que eu possa dizer aqui que vocês já não saibam”- Evandro Vieira Ouriques.


AMOR MODERNO - David Bowie

Eu apanho um entregador de jornal
mas as coisas não mudam muito
eu estou parado no vento
mas eu nunca aceno adeus
mas eu tento , eu tento

Não há nenhum sinal de vida
É apenas o poder para encantar
Eu estou na chuva
mas eu nunca aceno adeus
mas eu tento, eu tento

nunca vou me apaixonar por
amor moderno caminha ao meu lado
amor moderno passa
amor moderno me leva à igreja na hora certa

a igreja na hora certa me assusta
a igreja na hora certa me deixa feliz
a igreja na hora certa coloca minha confiança em Deus e no
homem
Deus e o homem, não há confissões
Deus e o homem, não há religião
Deus e o homem não acreditam no amor moderno

2 comentários:

Impressões disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
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