2009/05/17

"Todo gozo é enfraquecido quando compartilhado" - Pequenos inquisitores a serviço da "criação do Eu"-


Luiz Felipe Pondé ponderou e eu o uso agregando algo às suas idéias para aquietar umas das minhas inquietações.

Sade é mais do que psicologia e política.
Não divirjo daqueles que dizem ser ele um gênio que gritou pela liberdade em meio ao século da luzes, nem daqueles que o adjetivam de tarado sexual com dotes literários medíocres.
Há um Sade “metafísico” e segundo a sua metafísica a natureza é perversa e cruel e, portanto, não há crime ou transgressão.
Nesse sentido ele se aproxima muito dos cristãos antigos (gnósticos) que afirmavam que o mundo foi criado por um deus mau – (já usei Bakunin para avalizar essa idéia).
Quem busca a “virtude”, como sua personagem Justine – bem escolhido o nome!! – é objeto “feito” para ser torturado por uma sociedade que dá corpo à crueldade.
Desde sempre somos um bando de masoquistas submissos a uma sociedade atroz e nos submetemos aos seus gabaritos por comodidade (é mais cômodo seguir o rebanho). Há o esforço para alcançar o “modelo da hora” e para isso fazemos cirurgias estéticas, políticas, morais, raciais e culturais – uma lipoaspiração em sua natureza.
A eugenia não foi inventada, ela se desenvolveu naturalmente - o mais forte (capaz) suplanta o mais fraco, porem hoje o mais poderoso suplanta o mais forte.
Estamos fabricando a espécie. Estamos “Desadarwinizando” (sic) a evolução.
Café e Cigarros.
Minha inquietação é a de que me pego defendendo a lei antitabagista que determina aonde as pessoas podem ou não fumar.
Minha natureza não é essa, mas me vejo apoiando a segregação.
Caiu a ficha ao assistir ao programa “What not to wear” (Como não se vestir) onde Stacy London e Clinton Kelly determinam o novo look da vítima (visual dentro do gabarito estético).
Minha natureza não é essa, mas me pego
, de formas inconscientes e na maioria das vezes explicitas, a demonstrar minha preferência pelo visual feminino de cabelos compridos, saltos altos e roupas sensuais.
Assumo ai a exercer o papel de impositor e passo a cuidar do “interesse do coletivo”...passo ai a exercer o papel de impositor e esqueço o direito do outro.
“Vigiar e Punir” – Foucault decifrou.
Minha natureza não é essa.
Seguindo Foucault, na fabula de Carlo Lorenzini, Pinóquio é uma criança que em sua natureza é de madeira. Não aceitando a natureza da cria, a luta (desejo) de Gepeto (criador – sociedade) é a de transformá-lo em humano.
Quero manter minha natureza de madeira.

Dentro dos delírios de uma nova “pureza” existem pessoas que “salvam” o mundo comendo alface! Um exército de rúculas é o que necessitamos.
Prefiro a política Sadiana à política sadia.

Transcrevo Pondé usando minha pena (teclado no momento) e minha aprovação: “O que humaniza são os vícios, não as virtudes. Temo as pessoas que não têm vícios. O novo hipócrita é magérrimo, verde e antitabagista”.

Cenas do filme "Café e cigarros"

Tow Waits e Iggy Pop


























































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