2015/11/20

A BANALIDADE DA DOR DO OUTRO

Essa matéria me comoveu, mais do que isso, me moveu.
Certo, não há ninguém que, ao ler essa reportagem, consiga ficar indiferente a dor desses pais, mas quase todos ao passar para o próximo assunto conseguem eliminar o incomodo contraído.
Chamemos isso de "banalidade da dor do outro"- ausência de empatia.

Há no filme "Dogma do amor", de Thomas Vinterberg, o congelamento meteorológico do mundo simbolizando a crescente insensibilidade do ser humano em relação aos semelhantes, sendo essa sociedade acometida por uma doença que é o desamor, onde as pessoas caem mortas por todo o lado (amor é a energia vital) e são despejadas em latões para depois serem recolhidas.
O quão longe estamos dessa realidade?

No centenário “A metamorfose”, Gregor acorda transformado em um ser inferior (ou começa a se ver assim e a perceber que o outro o vê assim) passando a se angustiar perante a sua existência e com o sentimento de ser um fardo cuja única serventia à família é ele quanto ser produtivo não levando em conta que seus sentimentos continuavam humanos a despeito de todo o resto.
Citando Schopenhauer “ Seja o Estado ou a família a nos castrar, a nos fazer temer nossas vontades,  nos torna essa espécie humanamente corrompida.”
Gregor ao acordar viu o mundo de cabeça para baixo ... mas ele não percebeu que o gabarito existencial lhe foi dado por esse mundo.

A obra de Frida Khalo retrata todo o seu sofrimento existencial, mas ao pintar a si, ela deu cores às dores dos outros.
Só quem conhece a história de Frida entende sua obra, mas quem percebe o mundo, enxerga na obra a dor contida nele.
Quão resilientes temos que ser?
Frida precisou amputar uns dos pés devido à gangrena, "Pés para que os quero, se tenho asas para voar?"
 
Não podemos evitar o confronto com o mundo, ou o confronto conosco mesmo, mas somos livres para escolher como afrontar.
Afinal, todos podem ser Frida.
https://pt-br.facebook.com/ProjectTodosPodemSerFrida

Obra de Egídio Rocci
 Postagem em memoria a Egídio Rocci

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