2011/12/31

2011/2012 - NÃO HÁ MAIS NINGUÉM DEFRONTE À JANELA



Não há mais ninguém defronte à janela.
Não há mais a espera, esperança, o olhar para o devir.
Tudo é presente, real.




“O imperador é só um morto, o mensageiro se perde, você como a barata (grilo, no meu caso), envelhece na janela” – A grande muralha da china * Franz Kafka 

“Nenhum homem é uma ilha”, sou grato a todos pela construção deste meu ano.
Sou grato pelo companheirismo/pelas pedras, pelos sorrisos/pelas lágrimas, pelos apoios, pelas abstenções, pelas sociedades/pelos abandonos.
Todo homem é responsável, assumo minha responsabilidade.
Assumo responsabilidade pelo companheirismo/pelas pedras, pelos sorrisos/ pelas lágrimas, pelos apoios, pelas abstenções, pelas sociedades/pelos abandonos.

Abandonando o carrossel e passar a ver a roda girar, diria Lennon.
Deixe suas pedras pra trás, alguém o chama. Esqueça os mortos que você abandonou, eles não o seguirão, diria Dylan.
Estou do outro lado da janela, ela ficou para trás, fechada para sempre.

Neste ano ponho como pontos altos as obras:
Lars von Trier: "a vida na Terra é má" e condenada. Um acaso isolado e único no universo: ´Estamos sós´, diz Justine”.
Terrence Malick: Indagação essencial se a vida é fruto de uma força cega ou fruto de uma intenção bela, confrontada cotidianamente com o sofrimento inquestionável da vida – Natureza ou Graça?
Franz Kafka: “A grande muralha da China foi construída por parcelas, em pequenos "pedaços", para que cada trabalhador nunca se apercebesse que não chegaria a sua vida inteira para ver a obra acabada .... O mundo em que vivem os obreiros da muralha é um imenso absurdo, no qual a alma humana se encontra abandonada, entregue à sua solidão, vítima de um destino traçado pelos vultos ignotos da superestrutura... sem sentido, sem futuro nem passado. O presente é indiscutível, inquestionável... é o que é por vontade de alguém que tudo sabe, tudo decide... A impotência e a ignorância são os traços mais marcantes do ser humano.
Daí a solidão e o pessimismo."
Luiz Felipe Pondé: “A covardia impera como lei da alma em busca da felicidade ... Ando como quem anda num deserto, sem direção e sem discernimento porque a paisagem é toda igual, feita da mesma matéria efêmera e sem forma... esta é a condição pós-moderna por excelência” Contra um mundo melhor – Ensaios do Afeto
Sponville: “Miséria do homem: somente os humanos podem ser desumanos ... cabe a nós fazer dele outra coisa. ´Let us make man`, dizia Hobbes. ´Fazer bem o homem´ dizia Montaigne´ .... O homem não é nosso Deus: ele é nossa tarefa.”

Finalizo com o entendimento dado por Marcello Avellar ao filme de Malick:
“A árvore da vida nos lembra que nascemos, que estamos vivos, que vamos todos envelhecer e morrer. E que haverá instantes tristes e alegres, momentos de ódio e amor. E que dinossauros e seres humanos se equivalem em importância ou na falta dela, tanto faz, no conjunto do universo.”

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