2010/01/09

Conatus e os afetos.

O real nem sempre combina com a vida em seu cotidiano.
Estamos acostumados ao conforto de uma certa crença na permanência. Vivemos em nome de um eu definido para nós e para os outros . Buscamos encontrar o já conhecido.
Esperança do previsível.
Impotência da alma.
Somos muito mais “deixar de ser” do que “ser”.
O diferencial está na nossa essência. Espinosa deu a ela o nome de conatus. Trata-se da potência de vida ou da potência de agir, ou seja, do tesão pela vida.
Através do conatus enxergamos o esgotamento de um modo de viver.
Através do conatus agimos e ressignificamos o outro.
Só há afetos. Só os desejos atualizam.
Como responsabilizar ou punir alguém por um ato praticado se levarmos a sério que o agente já não é mais. Que o afeto já se perdeu no tempo.
“Só há afetos. Só os desejos atualizam. Em tempo real, só as potências” Nietzsche
Quem nos é caro fica incrustado na nossa pele para sempre, permanece tatuado em nós, porem os afetos estão em nós escritos à caneta... não sendo garantia de infinidade.
Coragem se faz necessária para uma investigação sobre a vida que vale a pena ser vivida.
Mais vale uma vida verdadeira no Alasca do que se curvar à todas as felicidades instantâneas que a Paulista oferece.
Somos muito mais ‘deixar de ser’ do que ‘ser’.
Passemos a ser.
Fontes:
Clovis de Barros Filho
Felipe Lopes
Espinosa
Sponville
Autora da foto: Malu Aguiar

3 comentários:

Impressões disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

... afetos não se perdem no tempo, se transformam... não ressignificamos o outro, redimensionamos o modo de nos relacionar com o outro; a ressignificação se dá a partir de um novo olhar sobre o mundo, sobre as experiências... e sobre o outro. É um ponto de partida, não um fim em si. É renascimento, não morte. É um modo de perceber as coisas sob uma perspectiva mais positiva, modificando o filtro através do qual percebemos um acontecimento. Alterando o significado, mudamos nossa resposta e comportamento sobre este. A ressignificação é fundamental ao processo criativo.
Amor, mesmo escrito a caneta, é infinito; não se apaga e permanece. O que muda é o modo de vivê-lo.
A reflexão sobre si mesmo e sobre a vida só encontra paragem em ambientes tranqüilos... as vezes faz-se mister empreender viagem ao Alaska... Não sentir-se a altura das exigências do mundo foi o que motivou Chris McCandless a "fugir". Sua alma desejava escapar por não suportar o que a vida a submetia. Chris a prendeu firme ao corpo e seguiu viagem. Assim permaneceram, alma e corpo, até o fim, quando ela finalmente se viu livre para voar...
Para tal jornada é preciso coragem, é necessário amor... amor por si mesmo e pelo outro. E uma grande dose de desprendimento.
"Instintos que pressentem a ameaça de uma perda tão grande e irrevogável que a mente prefere não analisar. Nos amaciamos pela reflexão forçada que vem com a perda."

Anônimo disse...

MARAVILHOSO