"Não fiz nada, bem sei, nem o farei.
Mas de não fazer nada isto terei.
Que de fazer tudo ou nada é tudo o mesmo,
Quem sou é espectro do que não serei.
Vivemos nas encostas do abadono
Sem verdade, sem dúvida nem dono.
Boa é a vida mas melhor é o vinho
O amor é bom, mas melhor é o sono."
Fernando Pessoa
Montaigne escreveu que "não há ciência tão árdua quanto a saber viver bem e naturalmente esta vida" e os gregos antigos, como vemos no "banquete" já nos ensinavam que "o principal prazer não é a qualidade dos pratos mas a qualidade das conversas."
Hoje é muito comum vermos as pessoas, em todos os lugares e situações, puxarem seus celulares para mandar torpedos ou postarem fotos, para exporem o seu presente aos seus "amigos" ausentes.
Dizia Rousseau que "a infelicidade dos indivíduos está no fato de eles serem sozinhos quando estão com outras pessoas e de estarem com outros quando estão sozinhos".
A tristeza da modernidade é a distração, estar no lugar mas olhando para uma janela criada por nós para nos transportar a outro, estar com alguém fisicamente, mas ao mesmo tempo com todo o restante dos seus contatos sentados ao lado, como se em um filme de Woody Allen.
A modernidade nos trouxe a maldição das múltiplas opções e nós só podemos fazer uma por vez.
Aproveitemos o bom vinho e as boas amizades ao lado.
Boa é a vida e as pessoas presentes.
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