2013/12/08

08/12/1980 - Cervantes relido.



D. Quixote, no leito de morte, reconhece seu engano medieval.
O Quixote contemporâneo, se também pudesse rever sua obra existencial, sofreria em
seu leito de morte.
Se manter fiel aos seus valores é sinônimo de loucura ("louco é aquele que perdeu tudo, menos a razão" - Bergamin).
Se aquilo que se deseja e luta é utópico, então viver isso para si é a solução.
Todo cavaleiro sabe que por mais dragões (imaginários ou não) tenha matado, ainda haverão mais depois do seu passamento.
Todo poeta sabe que "não transformara espinhos em rosas e canções".
Ninguém nesta existência será uma obra acabada. Somos todos romances que serão interrompidos antes do epílogo.
Homenagem a John Lennon - homem imperfeito com uma obra perfeita

"Como las cosas humanas no sean eternas, vendo siempre en declinacion de sus princípios hasta llegar a su último fin" Miguel de Cervantes

Sejam bons como o sol.
Livres como o vento.
Naturais como as fontes

Imitem as árvores dos caminhos
que dão flores e frutos
sem complicações.

Mas não queiram convencer os cardos
a transformar os espinhos
em rosas e canções.

E principalmente não pensem na Morte.

Não sofram por causa dos cadáveres
que só são belos
quando se desenham na terra em flores.

Vivam, apenas.
A Morte é para os mortos!
POESIA I
José Gomes Ferreira