"Solidão celular" - O medo de se estar só consigo.

"ah esta solidão celular
ter tantos ao meu alcance
e não ter com quem falar"

T.T. Catalão

"Você não liga para mim mas eu ligo
você nunca fica só
o celular é seu melhor amigo" - Z. Baleiro

AMOR LÍQUIDO

Norteou numa noitada com uma amiga o assunto laços humanos e sua fragilidade na sociedade de hoje.
Tentei formular um pensamento, uma idéia sobre o que penso... porem, mais do que penso como deveria ser, melhor é buscar entender essa nova forma de relacionamento.
Busco na obra do sociólogo polonês Zigmunt Bauman definições para essa sociedade.
Diz a obra que, advindo da globalização, esse chamado mundo líquido tem relações que se estabelecem com extraordinária fluidez, marcadas pela ausência de peso. O apelo por fazer escolhas (parceiros) que possam num espaço muito curto de tempo serem trocadas por outras mais atualizadas e mais promissoras, não apenas orientam as decisões de aquisição numa sociedade abundante de produtos novos, mas também parecem comandar o ritmo da busca por parceiros cada vez mais satisfatórios.
Fragilidade dos vínculos humanos, insegurança e desejos conflitantes – não há quem discorde – são elementos que simbolizam esse humano derivado da modernidade.
Na modernidade cabe a cada um conviver com o desejo conflitante de estreitar os laços afetivos e ao mesmo tempo mantê-los frouxos.

Fiz e mandei para ela um resumo do livro “Amor Liquido” para que possamos aprofundar o assunto numa nova ocasião– agora com menos “líquido” guiando as idéias -.
Deixo disponível a quem interessar o resumo (Word por email), bastando se manifestar.

Vídeo: Medo da chuva - Raul Seixas

Para todas Marias... da Penha, de Santana, de Toboso ou do Soho.

Fiquemos nus diante dos nossos fantasmas, ao lado de Milena Jesenska.
Que sigamos Ulisses ao não abdicar ao gozo dos cantos das sereias – corramos perigos.
Deixemos Maria Martins invadir nossos ateliês.
Ponhamos nossa sanidade nas mãos de Lou Salomé.
Saiamos da nossa própria sombra e nos mudemos para a casa do sol ao lado de Hilda Hilst.
Deixemos Greta Garbo sozinha.
Sejamos eternamente manipulados pela doce Holly Golightly e entendamos a complexa e difícil filosofia de se ter noção de não se poder prender às coisas ou pessoas --- seu gato simplesmente se chamava Gato – não podia se dar o luxo de criar vínculos.
Tenhamos consciência da verdadeira beleza da Audrey Hepburn http://audreyhepburn.50megs.com/custom2.html
Poupemos nossas pedras para nossos próprios pecados e deixemos Maria Madalena em paz.
Ponhamos Lilith em nosso altar.
Tenhamos nossa Dulcinéia e motivos para combater moinhos.
Rendemonos à arte, à poesia, à música e à filosofia de Yoko Ono.

Nós, seres modernos (homens e mulheres), somos Agamêmnons cobrados em sacrificar o relacionamento com nossas Ifigênias e assim cumprir nossa "missão".
Que não só neste dia, mas a partir dele, o mundo se torne um pouco mais feminino... incapaz de sacrificar o amor pessoal em detrimento do interesse coletivo.
Feliz dia das mulheres.


Cora Coralina poema mulher
Saber Viver

“Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar”