2009/02/24

"Tire seu sorriso do caminho..." - Oi, dá licença, deixa a X 9 passar -

"A Flor E O Espinho"
(Nelson Cavaquinho - Guilherme De Brito - A. Caminha)
"Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma à sua
O sol não pode viver perto da lua
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma à sua
O sol não pode viver perto da lua
É no espelho que eu vejo a minha mágoa
A minha dor, e os meus olhos rasos d'água
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
É no espelho que eu vejo a minha mágoa
A minha dor, e os meus olhos rasos d'água
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor"

Video: "Piercing" - Zeca Baleiro
http://www.youtube.com/watch?v=oYM2JHtv0K0
-- Zeca Baleiro faz uma crítica a idéia da modernidade. Diz: “Piercing como a decadência filosófica. O princípio do piercing é o do sacrifício, do autoflagelo como meio de elevação espiritual. Hoje é meramente cosmético, metáfora do empobrecimento intelectual”. “(...) tire o seu piercing do caminho que eu quero passar, que eu quero passar, com a minha dor”.
Eu complemento: Na modernidade procuramos momentos hedonicos, felicidade líquida.
Sociedade de Macunaímas -o herói sem nenhum caráter e preguiçoso de nascença -personagem do modernista Mário de Andrade. Figura do malandro, do carnaval, do samba, do futebol.
Cada sociedade tem o seu "Prozac" coletivo, essa necessidade não é prerrogativa nossa.
Estou ainda sob efeito.... quarta feira volto.







2009/02/15

Niilismo

Texto derivado de pesquisa feita após curso com o filósofo Luiz Felipe Pondé

Estamos em crise.
Há uma falta de liquidez na economia mundial.
Há uma ausência de confiança entre as instituições financeiras.
Há um recolhimento do capital investido.

Estamos em crise.
Há uma falta de fluidez da fé.
Há uma carência de credibilidade entre as pessoas.
Há um recolhimento do investimento afetivo.

O ser humano é um animal continuamente em crise, caminha a beira do abismo.
Há uma crise moral, utópica e de crenças.
Há um pavor da maturidade, um encolhimento na crença que se é capaz de se habitar em sua própria crença.
Há o crescimento da depressão em relação ao alto nível de exigência. (A depressão é o sintoma do desespero que chega à superfície. Para Freud, o melancólico é aquele que sabe a verdade sobre si mesmo.)

Estamos vivendo na chamada pós-modernidade onde Bauman a define como “A nossa sociedade (…) como prefiro denominá-la - pós-moderna é marcada pelo descrédito, escárnio ou justa desistência de muitas ambições (…) características da era moderna”.
O que fazer quando não há mais crenças universais que dêem sentido ao mundo? Nem família, religião ou qualquer projeto global que guie a humanidade? O estilo de vida moderno surge da fragmentação e efemeridade que caracterizam a vida nas grandes cidades: o que hoje se acredita, amanhã já não tem mais validade.
Não reinventamos uma nova moral, uma nova ética, uma nova ciência, uma nova economia.
Anunciando que Deus estava morto, Nietzsche salientava que não havia mais fundamento para as coisas, nenhuma base sobre a qual colocar nossas crenças. Portanto, seres humanos têm tanto a oportunidade como a responsabilidade de criar seu próprio mundo.
Essa é a sociedade líquida, uma sociedade que produz muitas formas e deformações, é a experiência da desordem nova, do desordenamento sistemático. Grandes áreas de ambivalência geram insegurança. Isso se aplica ao “amor líquido”, um conceito de amor que é comparado à bolsa de valores, quando há uma situação em que se investe muito agudamente em uma pessoa, perde-se a oportunidade de investir em muitas outras que estão no “mercado”. Na Cultura do Narcisismo, de C. Lasch, o autor aborda a pobreza subjetiva nas relações humanas atuais. O indivíduo está sempre a esperar que o outro invista nele e não adquire nada, pois o outro espera o mesmo investimento dele.

Há de se criar um novo homem - o Ubermensch - ... um alem homem... que supere o atual – o último homem.
“Referindo-se ao Sol, astro rei e estrela sem a qual a existência de vida na Terra seria impossível, Zaratustra diz que até para este Sol existe uma necessidade de doação. A vida do Sol seria enfadonha se não existissem aqueles a quem iluminar. A luz e o calor do Sol são emanações supérfluas deste astro, entretanto, para nós, delas dependentes, são uma benção. Necessidade de doar: é isto que Zaratustra sente e, por isto, precisa retornar aos homens.”
Enfrentemos a crise econômica e social e nos reconstruamos:
Gandhi com grande sabedoria, certa vez falou-nos: “O que pensais, passais a ser”. O que pensamos afeta as nossas emoções, contribui para a construção do nosso amanhã. Aquele que acorda derrotado, sem dúvidas dormirá derrotado. Quem prefere viver nas masmorras das angústias materiais, somente atingirão dois pontos na vida que se segue: A “morte” solitária, ou o suicídio covarde. No entanto, aqueles que se levantam pela manhã, mesmo sem ter um horizonte, e buscam a Luz no lugar das trevas, são fortes candidatos ao pódio. Porém, resta-nos lembrar, que existem aqueles que nasceram para o palco, e outros, apenas para platéia. Preferindo assim viver como expectadores, deixando a vida passar, aguardando o melhor momento para novamente esgaravatar em busca das migalhas deixadas pelo caminho, por aqueles que venceram seus próprios medos, e seguiram.

Foto; MIGRANT MOTHER - Dorothea Lange Foto: DESAMOR - EM

ÜBERMENSCH


-Introdução à idéia de alem homem e último homem :
Mensch, em alemão, é um termo neutro, a indicar “ser humano” e não “homem”, por oposição a “mulher.
O homem mesmo nada mais seria do que uma corda “estendida entre o animal e o super-homem (Übermensch) — uma corda sobre o abismo”. O homem se poderia admitir grande desde que se reconhecesse ponte, e não meta.
É o homem um "Animal político" destituído da moral comum - produto de séculos da ética cristã proveniente da idéias do bem e do mal.
A morada de Zaratustra é o cume elevado das montanhas, onde o ar é rarefeito, reservado aos poucos. As demais pessoas, a gente comum, servem-lhe apenas como degraus para sua ascensão.
Nietzsche, além de desprezar a democracia, abominava o liberalismo, o socialismo, o feminismo e o cristianismo, vistos como manifestações de fraqueza extrema, como expressão de uma vontade de carneiros, de fracos e de covardes - dos inferiores (Üntermensch).
A tarefa de conscientização de Zaratustra é a de construir uma ética além do bem e do mal.
Duas possibilidades se mostram: o Super-Homem inventivo, filósofo e consciente e o último homem, vazio que busca o trabalho e o supérfluo para passar o tempo.
Nietzsche escreveu: “O último homem simboliza a modernidade, que considera a si mesma o ponto mais avançado do desenvolvimento histórico da humanidade, acreditando que a finalidade dessa história consistia precisamente na chegada do moderno. Orgulhoso de sua cultura e formação, que o elevaria acima de todo o passado, o último homem crê na onipotência de seu saber e de seu agir. [...] O bem supremo almejado pelo último homem - sua concepção de felicidade – é uma combinação de mediocridade, conforto, bem-estar, ausência de sofrimento e grandeza”.
Ele se mostra observando o homem assim como este se vê hoje diante do macaco.
Zaratustra se conscientiza que está além do seu tempo, que ninguém é digno ou par – assim como a filosofia de Nietzsche que é para o amanhã.



2009/02/01

"Downtown Train"









- Foto: 1980 -

Centro de São Paulo..... era o lugar em que me sentia em casa, trafegava e coexistia todo final de semana com jovens punks na escadaria do largo de São Bento, com metaleiros e independentes na “Baratos a fins”, com Beatlesmaníacos no “Cavern Club Brasil” (ainda com o Luiz e o Marco juntos), com as meninas da “Love Story”, com os ascensoristas do “Mappin”, do nunca mais encanto musical dos velhinhos do “Bar Brahma”, dos passeios de interesse acadêmico (sonho) a vivenciar a história pelo “Pátio do Colégio” e pela “Casa da Marquesa” carregando o livro **Crônicas de São Paulo** de Antonio Penteado Mendonça, com o filé com alho temperado com muita memória do “Filé do Moraes”, a flertar as guitarras e baixos na hoje “Musical 255” no viaduto Santa Ifigênia, a jantar o mais delicioso filé de peixe à dorê com a **presença** da Inezita Barroso e do Adoniran Barboza (ambos tinha mesas cativas (homenagens) jamais usadas por outros clientes no eterno “Parreirinha”, com os motoqueiros sem destino na “Gel. Osório”, com os drinques do “Café Arouche” e é claro com as tribos da “Galeria do Rock”.
Tenho retornado ao centro... e a sensação é de voltar a uma casa depois de muitos anos e ao visitar os cômodos dessa casa não mais os reconhecer.
Ontem fomos eu e a Malu ao centro e estou reapaixonado por ele.
A ida: Estação Brigadeiro – Paraíso – Sé – São Bento






-Galeria do Rock-

Passeamos pelo Viaduto Santa Ifigênia, observamos a paisagem metropolitana e a arquitetura dos arcos centenários da lateral do prédio vizinho - arquitetura escondida pela ponte de ferro inglesa.
Almoçamos no “Girondino” -(Rua Boa Vista, 365 -foto-) ,
atravessamos a Rua São Bento, Praça do Patriarca, Viaduto do Chá e chegamos até a Galeria do Rock (Rua 24 de Maio).
Me confesso deslocado, mas não um estrangeiro.
Como antigo habitante agora expectador das novas tribos a habitar esse velho aposento.
Depois fomos na “London Calling”, na galeria ao lado (não sei o nome da galeria). É a loja que mais gosto de procurar cd´s (antes LPs). Era programa obrigatório para mim e a Juliene (isso quando eu apitava o itinerário dos passeios entre nós! rss).
Fui procurar um cd da banda “Beirut” mas quem deu sorte foi a Malu que acabou comprando um “Tom Waits” que não tinha.

É ainda lá (in downtown) que São Paulo pulsa.
A volta: Estação República – Sé – Paraíso – Brigadeiro.